Como a luz ultravioleta combate o coronavírus?
Global UV2023-03-09T15:39:19-03:00Enquanto, no Brasil, algumas iniciativas de supermercados e shoppings passaram a oferecer uma proteção extra aos clientes, ao adquirir um equipamento que banhava suas compras em luz ultravioleta, pesquisadores norte-americanos e japoneses estudavam a possibilidade de desenvolver fontes de luz ultravioleta mais acessíveis, e até portáteis, para facilitar o acesso do público e favorecer o uso na descontaminação de locais de grande circulação de pessoas, como teatros, arenas esportivas e transporte público.
Mas afinal de contas, como será que a luz UV consegue eliminar o vírus, e como devemos encarar essas aplicações cada vez mais próximas do público geral?
O que é luz UV?
As ondas eletromagnéticas que formam as cores, possuem comprimento de onda diferentes: a luz vermelha tem o maior comprimento de onda do espectro visível aos nossos olhos, cerca de 700 nanômetros, enquanto a luz violeta tem o menor comprimento de onda capaz de sensibilizar os nossos olhos, da ordem de 400 nanômetros.
As radiações eletromagnéticas transportam uma quantidade de energia mínima, em proporção inversa a seu comprimento de onda.
Dizemos, então, que quanto menor for o comprimento de onda, mais energética será a radiação.
A radiação ultravioleta (UV) corresponde à parte do espectro eletromagnético com comprimentos de onda menores do que o da luz violeta, ou seja, uma faixa imediatamente mais energética do que a luz visível.
Devido à quantidade de energia transportada nas ondas UV, elas marcam o início do que chamamos de “região ionizante” do espectro eletromagnético, pois já têm condições de formar íons, o que significa ter condições de causar danos, por exemplo, às moléculas de DNA das células dos seres vivos.
Dentro do espectro UV temos algumas subdivisões: ultravioleta A (UVA) com comprimentos de onda entre 400 nm e 315 nm; ultravioleta B (UVB), entre 315 nm e 280 nm; e ultravioleta C (UVC), entre 280 nm e 100 nm.
Efeitos biológicos da radiação UV
A exposição à radiação UV é um perigo, mas o risco que a exposição oferece depende de vários fatores: a faixa energética de UV (A, B ou C), a intensidade da luz e o tempo que se permanece exposto.
Por exemplo: é necessário que sejamos expostos à luz ultravioleta do Sol, pois isso contribui com o processo de produção de vitamina D. Mas a exposição demasiada e sem proteção leva a um risco alto de ocorrência de queimaduras severas e aumento de incidência de câncer de pele.
Quando a radiação UV interage com uma entidade biológica, seja uma bactéria, uma célula da nossa pele ou até um vírus, por ser ionizante, ela tem condições de causar danos ao material genético. Dependendo dos fatores de exposição que comentamos, esse processo pode matar a célula, a bactéria ou desativar um vírus. A faixa mais eficiente para isso é também a mais energética, a UVC. Tanto é que essa região é conhecida por “ultravioleta germicida”. É curioso comentar que já sabemos disso há tempos, e essa região do espectro eletromagnético já vem sendo usada como método de higienização e descontaminação, tanto em laboratórios como auxílio na desinfecção de salas cirúrgicas, água, alimentos e cosméticos.
Então, em suma, o que estamos vendo com a pandemia de COVID-19 é a utilização desse poder germicida da radiação ultravioleta para desativação do novo coronavírus que esteja à espreita em superfícies e objetos ao nosso redor.
Use com moderação
Bom, o Sol não é capaz de nos prover luz ultravioleta na intensidade e na faixa de energia mais eficiente para eliminação do coronavírus.
Porém, fontes de luz UV artificiais, como lâmpadas capazes de emitir intensidade suficiente de UVC, podem executar essa função. Mas, ao contrário do que pode parecer, o artifício luminoso, embora eficiente, não é (infelizmente, diga-se de passagem) a solução única e geral que necessitamos. Porém, em combinação com outras medidas de higiene como a desinfecção com álcool e uso de máscaras tem um enorme potencial de eliminação do vírus.
Outro motivo que vinha sendo um grande impeditivo para adoção massiva da luz UV no combate à pandemia, é o risco que sua utilização de forma inadequada poderia oferecer à pessoas, animais e plantas. Entretanto, pesquisadores da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, em parceria com a Ushio, desenvolveram, ainda em 2012, a tecnologia Far UVC 222nm. Esta tecnologia utiliza-se de filtros que permitem que apenas a faixa de UVC 222nm seja emitida por lâmpadas especiais, que é uma faixa segura para pessoas, animais e plantas enquanto mantém seu poder neutralizante para microrganismos como vírus e bactérias. Existem vários estudos independentes que atestam a segurança e a eficácia da luz UVC de 222nm e ela já começa a ser aplicada em produtos para o dia-a-dia inclusive no Brasil. Em breve, poderemos ver seu uso em diversos aparelhos públicos, comércio e eventos, o que, em combinação com outras medidas de prevenção, certamente aumentaria nossa segurança diante de uma infecção pelo coronavírus e por outros inúmeros vírus e bactérias.
Este artigo contém informações retiradas do site: www.revistaquestaodeciencia.com.br e de outras fontes primárias.